A educação que forma indivíduos para os novos desafios do século XXI - Parte 3
Na Parte 2 deste tema apresentamos os pensamentos do professor Toru Kumon sobre a relação entre o desenvolvimento da capacidade e o aprimoramento do caráter e ele disse que deveriam fazer uma pesquisa.
"Deveriam fazer um estudo estatístico para verificar o quanto uma orientação intelectual é benéfica à formação do caráter. Verifiquemos o modo de ser de dois adultos: um que recebeu uma formação intelectual e outro que não a teve suficientemente. Verifiquemos se essa orientação intelectual precoce exerceu influência negativa sobre a sua índole.
Há uma estreita relação entre as pessoas que tiveram formação intelectual precoce e as que têm uma boa índole. Mas, normalmente, vemos ser generalizados os poucos casos de pessoas inteligentes e com má índole". Toru Kumon
A pesquisa foi feita e os resultados são bem consistentes sobre essa relação. Veja a seguir:
O Projeto Atenção Brasil (PAB) tem como objetivo principal revelar um retrato da Saúde Mental de crianças e adolescentes brasileiros, de forma a identificar fatores de risco e proteção que viabilizem medidas de prevenção e intervenção. Foi idealizado por pesquisadores do Instituto Glia em colaboração com outros pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP), da Universidade La Sapienza (Roma) e do Albert Einstein College of Medicine (EUA).
O PAB teve como base de dados um amplo levantamento nacional em que foram entrevistados pais e professores de 9.149 crianças e adolescentes das cinco regiões do país, 16 estados e 81 cidades brasileiras, sendo 43 delas de porte pequeno (até 100 mil habitantes), 20 de porte médio (entre 100 e 500 mil habitantes) e 18 de grande porte (mais de 500 mil habitantes), 11 delas capitais.
O estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP) e consentimentos pós-informados foram obtidos do diretor da instituição de Ensino e dos pais ou responsáveis.
Comparação entre os que apresentam baixo e alto desempenho escolar
As crianças e adolescentes com baixo desempenho escolar apresentam maior número de dificuldades (46,7% versus 18,1% das crianças com alto desempenho escolar), mais sintomas emocionais (46,3% versus 29,4%), mais problemas de conduta (45,2% versus 21,2%), mais
hiperatividade e desatenção (32,7% versus 10,5%), mais problemas com colegas (37,9% versus 19,4%) e pior comportamento social (10% versus 3,5%). O impacto dessas dificuldades é expressivamente maior nas crianças e adolescentes com baixo desempenho escolar do que nas crianças com alto desempenho escolar (25,6% versus 5,6%), portanto, apresentam maior risco de transtornos mentais (risco 4,8 vezes maior).
Um maior percentual de crianças com baixo desempenho escolar: “são inquietas e hiperativas”, “queixam-se de dor de cabeça”, “apresentam acessos de raiva e birras”, “são solitárias e preferem brincar só”, “brigam com outras crianças”, “parecem tristes, deprimidas ou chorosas”, “distraem-se com facilidade”, “ficam nervosas ao enfrentar situações novas”, “mentem ou enganam”, “furtam”, “relacionam-se melhor com adultos”, “são perseguidas por outras crianças” e “têm muitos medos e assustam-se com facilidade”.
Um maior percentual de crianças e adolescentes com alto desempenho escolar: “têm consideração pelos sentimentos de outras pessoas”, “tem boa vontade de compartilhar”, “são obedientes”, “são prestativas com alguém que parece magoado”, “têm um bom amigo”, “são queridas por outras crianças”, “são gentis com as crianças mais novas”, “se oferecem para ajudar outras pessoas”, “pensam antes de agir” e “completam as tarefas que começam”.
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