"A Educação plena só acontece com base no tripé: aluno, escola e família", afirma jornal

Editorial: O aluno como centro

"A Educação plena só acontece com base no tripé: aluno, escola e família",

Fonte: Estado de Minas (MG) - 15/06/2012
Formar cidadãos e profissionais socialmente responsáveis e bem-sucedidos só é possível quando a Escola cria atividades que incentivem a liberdade de expressão e a criatividade e coloquem como prioridade a formação integral do Aluno, tanto no que diz respeito ao currículo Escolar obrigatório quanto à formação humana do educando. Fazer com que o estudante se sinta como centro do processo educacional é o principal fator para garantir a efetividade do Ensino. O crescimento do número de vagas nas universidades fez aumentar também a pressão por resultados em instituições com Ensino tradicional. Em Escolas com esse tipo de abordagem, ensina-se com foco em resultados. Espera-se que todos os Alunos tenham o mesmo ritmo de aprendizagem e que consigam o mesmo êxito em processos seletivos e vestibulares. Se antes os pais tinham o poder de decisão sobre a Escola dos filhos, hoje, em alguns casos, a Escola é quem escolhe seus Alunos. Na contramão da Educação com foco em altos rendimentos, surge a necessidade de valorizar o estudante, centro principal do processo educativo. Nesse sentido, cabe à Escola promover ações de envolvimento do estudante com as disciplinas ensinadas e aproximar os pais das atividades Escolares.
A Educação plena só acontece com base no tripé: Aluno, Escola e família. Demonstrar interesse pela rotina Escolar é acompanhar a execução de atividades, estar presente em reuniões de classe e eventos Escolares, interessar-se por inovações e mudanças pedagógicas e, acima de tudo, estar ao lado do estudante, fazendo com que o processo de aprendizagem seja contínuo. Nossos primeiros Professores são nossos pais; afastá-los do convívio com a comunidade Escolar seria cortar um vínculo necessário para a formação integral do Aluno. Outro importante agente no processo de valorização do educando é o projeto pedagógico da instituição em questão. A abordagem contemporânea de Ensino prega a valorização da formação integral do Aluno tendo como base o respeito mútuo, a criatividade e a excelência na Educação. Dar liberdade de expressão ao estudante e respeitar seu próprio ritmo não significa defender a desordem ou não oferecer aos Alunos uma Educação forte e efetiva, mas sim criar oportunidades para que o estudante expresse suas opiniões e imprima sua personalidade às atividades em sala de aula.
Um exemplo de atividade que nossa instituição exerce que explora o tripé da Educação é o Livro da Vida. O projeto consiste na criação coletiva de um livro que representa as atividades Escolares da criança ao longo da semana. A cada sexta-feira, uma criança do Ensino infantil leva o Livro da Vida para que, com os pais, em casa, retrate, por meio de um conto ou desenho, um trecho de livro ou uma atividade realizada em sala de aula que foi marcante na semana. O projeto serve de estímulo para a valorização do Aluno e para a participação familiar. Independentemente da ideia adotada na instituição para promover a integração da comunidade Escolar, é preciso dizer que destacar o papel do estudante como centro do processo educacional sempre resultará em bom rendimento Escolar e reforço da autoestima. Crianças e adolescentes mais autoconfiantes tendem a se tornar profissionais de sucesso, agindo com ética e competitividade no mercado.
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Comentários:



Mais um texto destacando a autoestima do aluno e a tríade Família + Aluno + Escola. Será que alguém tem dúvida da importância desta Tríade? O aluno no centro da educação é fundamental para fortalecer a autoestima e o bom desempenho, mas será que é assim que está acontecendo?

Matemática pode baixar nota brasileira no Pisa 2012

Matemática pode baixar nota brasileira no Pisa 2012

 
Segundo o gerente nacional do Pisa, das três áreas do exame, matemática é aquela que o ensino brasileiro vem apresentando maiores dificuldades ao longo das edições
Fonte: Valor Econômico (SP)
Durante o mês de maio, mais de 400 mil Alunos de 15 e 16 anos de Escolas públicas e privadas de mais de 60 países participaram da quarta edição do Programme for International Student Assesment (Pisa), o principal termômetro para medir a qualidade da Educação no mundo. Organizada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a prova brasileira foi feita por 25.712 estudantes de 902 Escolas espalhadas por 574 cidades em todos os Estados, que foram avaliados em leitura, matemática e ciências.
Embora seja um dos países que mais avançaram nas três primeiras edições do Pisa, aplicadas a cada três anos, o Brasil figura atualmente na 54ª posição do ranking do exame e sua situação pode complicar um pouco mais no exame atual. Como a cada prova uma disciplina é enfatizada, o gerente nacional do Pisa, Professor João Galvão Bacchetto, dirigente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), acredita que o foco na matemática este ano pode atrapalhar o desempenho dos Alunos brasileiros.
"No caso do Pisa 2012 a matemática é o foco. Das três área esta é aquela que o Ensino brasileiro vem apresentando maiores dificuldades ao longo das edições. Mas o resultado do PISA deve ser visto de forma global e não apenas centralizado em uma ou outra área, quando compararmos com o PISA 2003, que o foco também é matemática, teremos avançado bastante", avalia Bacchetto.
No resultado geral, somando as três disciplinas, o Professor acredita que o país pode saltar posições no ranking. "O país deve continuar melhorando, pois a Educação brasileira vem melhorando. Incluímos mais estudantes da faixa etária do Pisa na Escola, muitos estão avançando nos anos de estudo com a regularização do fluxo e o Pisa vem captando isso."
Como somente jovens de 15 e 16 anos fazem a prova, Bacchetto explica que apenas Alunos acima do 7º ano do Ensino fundamental são elegíveis a participar do Pisa. A Escola selecionada envia ao Inep o dados de todos os estudantes que atendem a esse critério e, posteriormente, há um sorteio entre esses nomes - no máximo 35 por Escola fazem a prova escrita e, dentro desses, outros 18 Alunos fazem a prova no formato eletrônico. O sorteio é realizado por um software fornecido pelo consórcio internacional responsável pela aplicação do exame em todo o mundo.

Leia mais em:
http://www.valor.com.br/brasil/2715854/matematica-pode-baixar-nota-brasileira-no-pisa-2012#ixzz1yexza6K9

Comentários:


A aprendizagem da matemática tem sido o grande problema na educação brasileira. Os especialistas vivem pesquisando e comentando sobre os alunos com dificuldades para aprender esta disciplina. Por que não mudamos o olhar e pesquisamos os milhares de alunos que apresentam excelentes resultados? O que eles fazem? Qual é o método que proporciona o caminho para o sucesso?

Professores culpam alunos e famílias por baixo rendimento dos estudantes

Professores culpam alunos e famílias por baixo rendimento dos estudantes


20 de junho de 2012 | 3h 05
OCIMARA BALMANT , LUIS CARRASCO, ESPECIAL PARA O ESTADO - O Estado de S.Paulo
Para os professores das escolas públicas brasileiras, a dificuldade de aprendizagem dos alunos não é culpa deles: apenas 11% dos profissionais da área creditam o baixo rendimento ao não cumprimento do currículo ou à insegurança física da escola. A responsabilidade sobre o fracasso, para 60% deles, é da família e do próprio aluno.

Os dados foram tabulados pelo Estado a partir do questionário da Prova Brasil 2009, respondido por 216.495 docentes de instituições públicas de todo o País que dão aulas para alunos do 5.º e 9.º ano do ensino fundamental, público-alvo da avaliação.
No ranking dos culpados, que apresentou 14 opções de resposta aos docentes, o nível cultural dos pais e, entre os alunos, a baixa autoestima, o desinteresse e a indisciplina ocuparam as sete primeiras posições (veja quadro nesta página). No primeiro lugar - como principal problema que afeta o desempenho dos estudantes, apontado por 68,9% dos professores - está o não acompanhamento, por parte das família, dos deveres de casa.
O índice é 40 pontos porcentuais acima da primeira proposição, que relaciona o rendimento dos alunos à figura do professor.
Ao todo, 26,9% dos docentes acreditam que sua sobrecarga de trabalho dificulta o planejamento das aulas e para 26,4%, os baixos salários geram insatisfação e desestímulo.
Para especialistas, essa percepção dos docentes ajuda a explicar a situação precária da educação no Brasil. "Com isso na cabeça, o professor já desiste do aluno de cara. Nem considera a hipótese de que o menino tem capacidade de aprender", diz a educadora Guiomar Namo de Mello, diretora de uma instituição dedicada a projetos de educação inicial e continuada de professores da educação básica.
"Essa visão simplista cai se olharmos estudos que mostram que alunos da mesma escola com professores diferentes têm rendimento mais díspares do que o registrado na mesma sala entre os que têm família engajada ou não", completa.
Para Maria de Lourdes Mello Martins, que trabalha na Comunidade Educativa Cedac, instituição que oferece programas de formação a professores da rede pública, falta capacitação. "Mal preparado, a primeira reação (do professor) é reclamar da família e se isentar da responsabilidade. É claro que uma família atenta, que arruma a mochila e aponta o lápis, é linda. Mas quando você coloca isso como condição, culpa a criança duas vezes: por ela ir mal e por não ter uma família exemplar. Daí é óbvio que os alunos terão baixa autoestima."
Docentes da rede pública de São Paulo confirmam os resultados do questionário. Para o professor de física Michael Robson Costa, da Escola Estadual Tarcísio Álvares Lobo, os educadores apenas cumprem as exigências da grade curricular. "O retorno tem que ser do aluno", diz ele, embora admita que o sistema não atraia os estudantes. "As avaliações, as normas, tudo é fora do que eles esperam."
A participação da família também é bastante citada. "Tem aluno que não tem pai nem mãe. E, quando tem, não se interessa", comenta a professora de matemática da Escola Estadual Capitão Pedro Monteiro do Amaral, Andrea Landi. Segundo a professora de inglês Melissa Campos, que dá aulas na mesma escola, a ausência da família desestimula não só a criança, mas os educadores. "Alguns largam mão, mas a maioria se interessa, porque você não pode deixar de lado os alunos que querem aprender."

Comentários:


Primeiro, apesar de ter certeza que a participação dos pais é fundamental para que os alunos tenham bons resultados. Podemos analisar por outro lado: como é a opinião dos professores, talvez seja mais fácil apontar outros como culpados e assim reduz a própria responsabilidade pelos resultados ruins. Se fizesse a pesquisa com os pais, será que os maiores culpados não seriam os professores??
Assim fica difícil solucionar o problema.

No entanto, o texto destaca um aspecto importante: a baixa autoestima dos alunos.

A Globo divulga o método Kumon no PEGN

Franquia aposta no estudo individualizado

Rede tem 25 mil franquias no mundo; no Brasil são mais de 1,5 mil.
Investimento é a partir de R$ 15 mil.
http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2012/06/franquia-de-reforco-escolar-aposta-no-estudo-individualizado.html


Com baixo investimento, um modelo de franquia de ensino e reforço escolar aposta em método de estudo individualizado. As unidades estão espalhadas por todo o Brasil.
O curso é oferecido por uma rede de microfranquias. Os alunos fazem aulas de matemática, português, inglês e japonês. O diferencial é o método de ensino.
A sala de aula é diferente. Não tem lousa, nem professor explicando com todo mundo de cabeça baixa o tempo todo. O segredo está em um armário. É como se a escola inteira estivesse dentro do móvel, com centenas de fichas de exercícios. Todo dia, o aluno pega uma e faz. Os exercícios são bolados de tal forma que, quando ele no último exercício, já está pronto para entrar numa universidade.

Quem faz o curso, diz que as dificuldades desapareceram. “Eu tinha dificuldade de matemática. E aí uma amiga minha do colégio indicou o método e eu comecei a estudar. A dificuldade desapareceu”, revela Giovanna.
“Agora com o curso de matemática eu tiro nove, nove e meio. E nas outras matérias como desenvolve foco, atenção, eu tenho mais vontade de estudar e aí desenvolve e aí melhora bastante”, opina Murilo.
O método foi criado em 1956, no Japão, pelo professor de matemática Toru Kumon. E tudo começou porque o filho dele não ia bem na escola. É o que conta o atual presidente da rede de franquia.

“Um dia, o filho tirou uma nota ruim na escola e o pai resolveu criar um método de ensino para ele estudar sozinho. Ele estudou aquele material por 30 minutos todos os dias e enquanto os outros alunos estudavam a sexta série ele já sabia o conteúdo do ensino médio”, diz Naoya Kitagawa.

Aos poucos, o método ganhou fama e se espalhou pelo mundo. Hoje, tem mais de 4 milhões de alunos. Agora, a rede se destaca no prêmio “As melhores franquias do Brasil”, na categoria microfranquia, organizado pela revista Pequenas Empresas Grandes Negócios, da Editora Globo.

“A empresa investe em capacitação para que esses franqueados alcancem resultados cada vez melhores”, diz o presidente da franquia.

Para montar uma microfranquia de ensino, o investimento é a partir de R$ 15 mil. Inclui a taxa de franquia, montagem das salas e capital de giro. O faturamento mensal médio é de R$ 13,4 mil, com 100 alunos. O franqueador cobra 40% de royalties sobre o faturamento bruto, mas fornece todo o material didático. “O custo fixo principal seria o aluguel do imóvel e a equipe de auxiliares que vai trabalhar com ela. Mas relativamente, as despesas, os custos são bem baixos”, diz Julia Shiroiwa, gerente de recrutamento.
Uma exigência da rede é que o próprio franqueado atue como professor. Para isso, ele tem de fazer o curso completo.

Thereza Vasconi matriculou a filha no curso e se encantou. Em 2007, ela montou uma franquia. Começou com 30 alunos, hoje tem 320. “A gente consegue fazer uma proposta dentro deste próprio layout, dentro desse espaço, de aumentar, por exemplo, até uns 500 alunos, ainda com tranquilidade. E é isso exatamente que eu vou fazer: uns cem alunos por ano, até chegar nessa meta”, diz.

A operação é simples e facilita o crescimento da unidade. Uma só professora cuida de 40 alunos por vez. Quando alguém tem dúvida, chama, e ela orienta. “O aluno sempre vai tentar observar o exercício feito e ele consegue tentar fazer. Eu só vou verificar se ele conseguiu, não explico (...). Se ele não conseguiu, a gente tenta voltar num exercício que ele já fez para que dê a orientação para que ele faça o exercício. (...) Nunca dá a resposta. É assim que ele consegue aprender”, explica Thereza.

Os cursos têm algumas regras. No de português, por exemplo, o aluno tem de ler pelo menos cinco livros por estágio. Já os cursos de japonês e inglês contam com ajuda de CD. Nas aulas de matemática, um tabuleiro com imãs estimula a garotada a se familiarizar com os números. É uma espécie de jogo. Os alunos têm de colocar os números nas casas correspondentes. O desafio é fazer mais rápido.

Hoje, a rede de ensino tem 25 mil franquias no mundo: só no Brasil tem mais de 1.500. A cada ano são abertas 70 novas unidades.

“Temos uma missão a cumprir, que é capacitar essas crianças de hoje, e que serão os adultos do futuro, e dessa forma contribuir para um futuro melhor do país. Em termos numéricos, pensamos em um futuro próximo, chegar a 200 mil, t300 mil alunos no Brasil”, relata Kitagawa

Vídeo em:
http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2012/06/franquia-de-reforco-escolar-aposta-no-estudo-individualizado.html

Comentário:
Muito além de ser mais um grande negócio, uma forma de proporcionar uma educação excelente e, sobretudo, a felicidade dos alunos.

A Educação que Emancipa: O aluno aprende melhor ouvindo ou lendo? Observando ou ouvindo explicações?

No livro “O Mestre Ignorante”, Jacques Ranciere escreve sobre o pensamento de Joseph Jacotot, professor na época da Revolução Francesa que teve ideias brilhantes sobre a forma que as pessoas aprendem. A partir de experiências e observações, ele chegou à conclusão que os alunos podem aprender mais e melhor sem as explicações de um professor. Eles podem aprender por meio das explicações e raciocínios no próprio livro ou material didático.  

“Eis, por exemplo, um livro entre as mãos do aluno. Esse livro é composto de um conjunto de raciocínios destinados a fazer o aluno compreender uma matéria. Mas, eis que, agora, o mestre toma a palavra para explicar o livro. Ele faz um conjunto de raciocínios para explicar o conjunto de raciocínios em que o livro se constitui. Mas, por que teria o livro necessidade de tal assistência? Ao invés de pagar um explicador, o pai de família não poderia, simplesmente, dar o livro a seu filho, não poderia este compreender, diretamente, os raciocínios do livro?”
No depoimento do aluno abaixo, ele deixa claro que o grande mestre foi o material didático. Com a propriedade de quem aprendeu equação sem ter visto na escola com um professor explicador, mas sozinho no material didático, ele até cita o Kumon, material didático, como mestre.

“...Querido Kumon,
Quantos anos da minha vida compartilhei com você!
Nesse tempo, comecei a estudar português com você também, Kumonzinho. Era mais uma tarefa, mais uma responsabilidade, mas eu já conseguia compreender a importância que você tinha em minha vida. Eu pensava: "Se já tenho tanta facilidade na escola, não só em matemática, mas nas outras disciplinas também, imagine se eu fizer o Kumon de português!". E foi assim que comecei a conhecer os grandes escritores. Personagens como Dom Quixote de La Mancha e Vasco da Gama me despertaram de tal maneira para o mundo dos livros que nunca mais parei de ler.
Foi graças a você, Kumonzinho, que eu aprendi a estudar sozinho e descobrir o mundo por mim mesmo. A final, você nunca me explicava muito como resolvê-lo. Bastava um exemplo e eu conseguia solucionar todos os probleminhas que você me apresentava. E isso foi fundamental para o meu sucesso na escola. Comecei a me destacar entre meus colegas de turma da 7a série e, desde então, sempre estive entre os mais aplicados. Mas isso era tão natural, Kumonzinho, que nem eu sabia exatamente o que me fazia ter tanta facilidade para aprender as coisas. Foi então que percebi que era você o meu grande mestre. É! Você, Kumonzinho! Você quem me ensinou a buscar o conhecimento, vencer desafios e ser um aluno concentrado e disciplinado.
E foi por tais qualidades adquiridas com anos de convívio com você que eu cheguei no meu último ano do Ensino Médio com grandes chances de ser aprovado no curso superior de minha escolha, a Medicina. Embora fosse o curso mais concorrido, sempre mantive a confiança e o equilíbrio mental que você e a Tia Bet me ensinaram a ter. Ao contrário do que ocorreu com quase todos os meus colegas, a preparação para o vestibular, para mim, não foi um bicho de sete cabeças. Desde o primeiro ano do Ensino Médio, eu tive a maturidade necessária para estudar com qualidade o conteúdo proposto pelas universidades às quais me candidatei. O resultado? Fui aprovado em quatro faculdades de Medicina, como primeiro lugar em três delas. E a quem devo grande parte do que aprendi? A você, Kumonzinho e à querida tia Bet, que jamais me deixou desistir de você".
Não tenho dúvida que Jacotot e Rancière gostariam muito de conhecer o aluno acima e comprovar suas ideias. Como alguém pode ter dúvida sobre as ideias dos dois teóricos, visto que podemos encontrar milhares de alunos no Kumon que aprendem sem explicações. 
O aluno aprende melhor ouvindo ou lendo? Observando ou ouvindo explicações?
(“...”) Na ordem do explicador, com efeito, é preciso uma explicação oral para explicar a explicação escrita. Isso supõe que os raciocínios são mais claros —imprimem-se melhor no espírito do aluno — quando veiculados pela palavra do mestre, que se dissipa no instante, do que no livro, onde estão inscritas para sempre em caracteres indeléveis. Como entender esse privilégio paradoxal da palavra sobre a escrita, do ouvido sobre a vista? Que relação existiria, pois, entre o poder da palavra e o do mestre?

Mas, a esse paradoxo logo segue-se outro: as palavras que a criança aprende melhor, aquelas em cujo sentido ela penetra mais facilmente, de que se apropria melhor para seu próprio uso, são as que aprende sem mestre explicador, antes de qualquer mestre explicador.No rendimento desigual das diversas aprendizagens intelectuais, o que todos os filhos dos homens aprendem melhor é o que nenhum mestre lhes pode explicar — a língua materna. Fala-se a eles, e fala-se em torno deles. Eles escutam e retêm, imitam e repetem, erram e se corrigem, acertam por acaso e recomeçam por método, e, em idade muito tenra para que os explicadores possam realizar sua instrução, são capazes, quase todos — qualquer que seja seu sexo, condição social e cor de pele— de compreender e de falar a língua de seus pais.

E, então, essa criança que aprendeu a falar por sua própria inteligência e por intermédio de mestres que não lhe explicam a língua, começa sua instrução, propriamente dita. Tudo se passa, agora, como se ela não mais pudesse aprender com o recurso da inteligência que lhe serviu até aqui, como se a relação autônoma entre a aprendizagem e a verificação lhe fosse, a partir daí, estrangeira.

O ilustre Jacotot, professor com mais de 30 anos de experiência, compartilhou esses pensamentos em pleno século XIX, o professor Toru Kumon, também com mais de 30 anos de experiência, desenvolveu um método que o aluno aprende sozinho na lógica dos “livros” (material didático autoinstrutivo). Eu e milhares de alunos que estudaram na Escola Técnica Federal no século XX aprendemos física sem professores explicadores, estudávamos em casa e comparecíamos à aula apenas externar o que aprendemos nos “Passos” (provas com 5 questões). Os alunos das Escolas Técnicas Federais eram os melhores nesta disciplina.

Jacques Rancière percebeu que os pensamentos de Joseph Jacotot são tão atuais e por isso trouxe na obra “Le Maître Ignorant” em 1987.  

Um aspecto importante destacado por Rancière na obra de Jacotot é que aprender por meio do professor é limitador, pois o aluno fica limitado a aprender com base nos conhecimentos do mestre. Por outro lado, aprender com os livros é caminho para emancipação, pois o aluno pode aprender qualquer coisa e pode aprender sempre. Um outro ponto que devemos refletir sobre o professor explicador é que ele pode sufocar o aluno:

Não se sobrecarrega a memória, forma-se a inteligência. Eu compreendi, diz a criança,não sou um papagaio.Mais ela esquece, mais lhe parece evidente que compreendeu”.

Podemos revolucionar a educação do século XXI com essas formas de aprender. Nos tempos atuais temos muito mais livros e materiais didáticos, além da internet, para possibilitar que as pessoas aprendam sem explicações de um “Mestre Ignorante”.

E qual é o papel do mestre?

 O mestre deve ser um orientador para despertar a vontade da criança para que possa desbravar os livros. Para isso, é fundamental que o mestre acredite na inteligência da criança e indique os livros adequados, mas sem deixar de emancipá-lo para outros livros.

O mestre emancipador

Essas contingências haviam tomado, na circunstância, a forma de recomendação feita por Jacotot. Disso advinha uma conseqüência capital, não mais para os alunos, mas para o Mestre. Eles haviam aprendido sem mestre explicador, mas não sem mestre. Antes, não sabiam e, agora, sim. Logo, Jacotot havia lhes ensinado algo. No entanto, ele nada lhes havia comunicado de sua ciência. Não era, portanto, a ciência do Mestre que os alunos aprendiam. Ele havia sido mestre por força da ordem que mergulhara os alunos no círculo de onde eles podiam sair sozinhos, quando retirava sua inteligência para deixar as deles entregues àquela do livro.

Há embrutecimento quando uma inteligência é subordinada a outra inteligência. O homem — e a criança, em particular — pode ter necessidade de um mestre. quando sua vontade não é suficientemente forte para colocá-la e mantê-la em seu caminho. Mas a sujeição é puramente de vontade a vontade. Ela se torna embrutecedora quando liga uma inteligência a uma outra inteligência. No ato de ensinar e de aprender, há duas vontades e duas inteligências. Chamar-se-á embrutecimento à sua coincidência. Na situação experimental criada por Jacotot, o aluno estava ligado a uma vontade, a de Jacotot, e a uma inteligência, a do livro, inteiramente distintas. Chamar-se-á emancipação à diferença conhecida e mantida entre as duas relações, o ato de uma inteligência que não obedece senão aela mesma, ainda que a vontade obedeça a uma outra vontade.

A experiência pareceu suficiente a Jacotot para esclarecê-lo:pode-se ensinar o que se ignora,desde que se emancipe o aluno;isso é, que se force o aluno a usar sua própria inteligência. Mestre é aquele que encerra uma inteligência em um círculo arbitrário do qual não poderá sair se não se tornar útil a si mesma. Para emancipar um ignorante, é preciso e suficiente que sejamos, nós mesmos, emancipados; isso é. conscientes do verdadeiro poder do espírito humano. O ignorante aprenderá sozinho o que o mestre ignora, se o mestre acredita que ele o pode, e o obriga a atualizar sua capacidade.

EDUCAÇÃO - um assunto que não deve ser curtido, mas discutido



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A educação das crianças é um assunto importante que interessa aos mais diversos seguimentos; diretamente aos pais e aos educadores e indiretamente aos tios, aos avós e à sociedade como um todo.
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Leitura para bebês
Assistam, pois o vídeo é lindo. Podemos OBSERVAR e APRENDER muito com as CRIANÇAS. Aproximadamente, aos 3 minutos e 22 segundos tem um lindo bebê com blusa verde e laranja, observando-o, com certeza, podemos perceber que as crianças são naturalmente motivadas e querem aprender. O bebê engatinha em direção a um livro, aponta e diz (lendo a figura) e diz “au au” com um sorriso de quem descobriu/aprendeu algo maravilhoso. Mesmo no livro no “velho papel (não era um tablet) as crianças estavam motivadas. Como alguém pode dizer que as crianças não querem aprender? Será que não somos nós que destruímos a motivação?
Não vamos deixar que a TV direcione os nossos debates. Só debatermos algo quando for veiculado? Com as redes sociais podemos discutir os assuntos que são importantes para as mudanças que queremos na sociedade e é quase unanimidade que a educação brasileira precisa melhorar. Esse é um assunto que não deve ser curtido, mas discutido.
Comentário:
O difícil é fazer isso em larga escala. Como melhorar a educação de um país? Por onde começar? Como atingir 100% da população? Como fazer com que os mandantes desse país concentrem seus esforços e os recursos para que a mudança aconteça?
A ...melhoria da Educação está tão entranhada num emaranhado de problemas, trata-se de trabalhar em tantas frentes que se não for bem orquestrada, não funcionaria!!! É um sonho, uma vontade enorme de ver o cenário mudar e se orgulhar de nosso país, mas ainda me é uma realidade longínqua... não sei se viverei para comemorar! Penso sempre na Coreia do Sul... e mais de 40 anos se passaram sem que o Brasil avançasse num ritmo que pudéssemos comemorar

Cioodduralmente motivadas e querem aprender. O bebê engatinha em direção a um livro, aponta e diz (lendo a figura) e diz “au au” com um sorriso de quem descobriu/aprendeu algo maravilhoso. Mesmo no livro no “velho papel (não era um tablet) as crianças estavam motivadas. Como alguém pode dizer que as crianças não querem aprender? Será que não somos nós que destruímos a motivação?ggff