Para construir uma carreira de sucesso, estudantes de Direito vão ter de passar na prova. Todos os anos, milhares se inscrevem no exame da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) e poucos conseguem aprovação. O próximo está marcado pra domingo (5).
De cara, metade dos candidatos não vai passar da primeira fase. Sem a aprovação, não é possível ter o registro profissional, que permite advogar. O baixo índice de acertos tem levado recém-formados e até veteranos de volta às aulas. Tem muita gente precisando. É cada erro nas provas.
Os estudantes já foram aprovados no vestibular, fizeram cinco anos de faculdade, mas ainda não podem trabalhar na profissão que escolheram. Bacharéis em direito estão fazendo cursinho para tentar passar na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
“Na faculdade, você tenta elucidar o porquê das coisas, porque leva à criação de uma lei. No cursinho, você analisa a lei propriamente dita, verificando as suas premissas e as suas consequências”, comenta Renato Montans de Sá, professor de processo civil.
A prova está chegando, e as salas de aula dos cursinhos preparatórios para o exame da OAB em
São Paulo ficam cheias. Um cursinho, por exemplo, transmite as aulas por meio de telões e de câmeras para todos os estados brasileiros. Enquanto alunos assistem presencialmente às explicações do professor, outros milhares de alunos também estão assistindo ao mesmo tempo.
É um medo coletivo. Esta é primeira vez que a estudante Thalita Brunelli de Paulovai fazer a prova. Ela ainda está cursando o último ano de Direito, e a OAB permite que os formandos deste ano já façam suas tentativas.
Na primeira fase, são 80 questões de múltipla escolha. O candidato tem de acertar, pelo menos, 40, ou seja, metade da prova. “Parece que são muitos mais do que 40. Estou bem ansiosa para poder atingir essa meta e ser aprovada”, diz a estudante.
“Tem coisa que você olha e você fala: ‘Nossa, eu nunca vi isso na minha vida ou eu não estudei. Não fiz a faculdade de Direito’. Mas tem coisa que você lembra – ‘Poxa, eu já vi em algum lugar’”, comenta a estudante Manuella Amorim Maciel.
No último exame, a média nacional de aprovação foi de 24%. O estado com melhor índice de aproveitamento foi a
Bahia, com 30%, seguido por
Santa Catarina e o
Rio Grande do Sul. São Paulo, o estado com o maior número de inscritos, ficou em 19º lugar, com aprovação de 20%, ou seja, abaixo da média nacional.
“Isso reflete exatamente a quantidade enorme de pessoas despreparadas que ganham um diploma de bacharel, mas que não tem conhecimentos jurídicos suficientes para resolver as questões jurídicas que lhes serão apresentadas pelo cidadão”, aponta a conselheira da OAB, Ivette Senise Ferreira.
O exemplo da falta de preparo dos candidatos fica registrado nas provas. Os erros de português são muitos. Alguns candidatos sequer sabem como escrever as palavras. Saudoso com “l”, ouvida com “h”, bacharel com “u” e acento. A palavra “senso”, de sensatez, foi escrita por um dos alunos com “c” e acabou fazendo referência à pesquisa realizada pelo
IBGE.
“É o despreparo cultural e jurídico não só do ensino que é dado na faculdade, mas principalmente no nível fundamental, no ensino básico”, aponta a conselheira da OAB, Ivette Senise Ferreira.
A segunda prova da OAB está marcada para o dia 25 de março. Nessa fase, o candidato responde a apenas quatro questões, mas também precisa escrever uma peça processual, para mostrar que, de fato, tem condições de defender os direitos dos cidadãos.