A
participação dos pais na educação
Por Ednaldo Ribeiro
Em várias oportunidades do ano compramos presentes
para as crianças. Aniversário, Dias das crianças, Natal, enfim, temos um intenso
movimento no comércio para comprar o presente para o Dia das Crianças. Diante
da grande variedade e muitos lançamentos nestes períodos, surge a dúvida: que
presente darei ao meu filho? Precisamos conhecer o verdadeiro desejo da
criança, o custo/benefício do presente e, é claro, os padrões colocados pelos
pais. Brinquedos, jogos eletrônicos, aparelhos de telefonia celular com
filmadora, roupas da moda, mp3, mp4, mp5, tablet etc.
Na verdade, foi realizada uma pesquisa pela Cartoon
Network, canal de TV a cabo dirigido ao público infantil, com 1000 crianças de
grandes cidades do país para conhecer o desejo da criança brasileira neste novo
século. A pesquisa surpreendeu ao revelar que, ao lado de boa aparência e
dinheiro, o que as crianças brasileiras mais desejam é ver televisão e ter boas notas.
Portanto, não podemos esquecer que, além de bens
materiais, as crianças desejam receber carinho, elogios, reconhecimento e
querem ter a sua autoestima elevada. Estes aspectos fazem parte das idéias do
psicólogo Laurence Steinberg, um dos profissionais mais conceituados nos
Estados Unidos, expostas em seu último livro, The 10 Basic Principles of Good
Parenting (Os Dez Princípios Básicos para Educar os Filhos) lançado em 2004 nos
EUA, onde se tornou imediato sucesso com pais e especialistas.
Entre todos os presentes que podemos dar a uma criança,
uma boa educação é aquele que mais traz satisfação a curto, médio e longo prazos.
No entanto, para que os pais obtenham êxito nesta tarefa, faz-se necessário
despertar a motivação da criança.
A motivação é um aspecto importante para que
os alunos possam fazer o dever de casa, estudar com concentração e também para
ter bons resultados na escola. Constantemente ouvimos a expressão “- ele está
desmotivado”; para explicar o insucesso dos alunos nos estudos ou a falta de
vontade para estudar. A motivação é importante para todas as pessoas. Existem
muitos estudos e teorias sobre os aspectos da motivação. Abraham Maslow,
psicólogo e consultor americano, apresentou a teoria da motivação, segundo a
qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa
hierarquia de importância e influenciação. Entre as necessidades citadas estão:
necessidade de reconhecimento, de orgulho, de autorrealização, de autoestima,
de evolução etc.
Será que, ao impor limites, regras e
disciplina aos filhos, eles podem ficar desmotivados? Muitos pais ficam
receosos de impor limites para evitar que os filhos fiquem irritados. O livro O
Monge e o Executivo apresenta uma importante leitura da teoria de Maslow sobre
motivação e disciplina. Segundo seu autor, James Hunter, “Maslow afirma que
estabelecer limites, regras e padrões é fundamental para satisfazer as
necessidades de segurança e proteção. Isso nos leva a concluir que Maslow não
era de jeito algum adepto da permissividade dos pais”. (Hunter,1998, p. 55)
“Os alunos apresentam suas próprias
necessidades de motivação. A motivação decorre dos alunos desejarem desenvolver-se ainda mais. Ainda que se tenha potencial,
se não houver motivação, não há desenvolvimento". (Kumon, 1978, p.55)
Temos observado que um
aspecto importante na motivação dos alunos é a obtenção de bons resultados. “Na
verdade, é muito difícil ficar motivado com notas baixas, reprovação; enfim,
com resultados negativos”.
Esforço ► produz bom desempenho ► gera reconhecimento ► proporciona
autoconfiança ►aumento da autoestima ► motivação para mais esforço...
O desenvolvimento é resultado de um estudo tenaz e continuo. Com a
capacidade de estudo, desenvolve-se ainda mais o potencial, gerando novo
crescimento. “Em suma, o desenvolvimento da capacidade é um fator de motivação”.
(Kumon, 1978, p.55).
A continuidade traz bons
resultados e bons resultados geram motivação para se dedicar mais e enfrentar
novos desafios. Portanto, a continuidade é fundamental para sucesso.
Geralmente, os alunos que fazem as tarefas nas férias conseguem, em função
desse ciclo virtuoso, resultados melhores em seu desenvolvimento. Além do próprio avanço nas férias, apresentam
mais motivação e melhor ritmo de estudo.
(‘...”) Há pais que não criam
oportunidades e dizem que o filho não é capaz. Há outros que se contentam com
pouco e limitam o crescimento do filho. Eles estão impedindo o crescimento da
criança. Se toda família participar da educação do filho de modo que todos
voltem seus olhos para ele, apreciando e elogiando seu crescimento, será criado
um clima positivo dentro de casa e a criança se desenvolverá alegre e serena
(Kumon, 1979, p.25).
Os pais podem utilizar o
conhecimento sobre as necessidades e desejos existentes para motivar ainda mais
os filhos em casa, elogiando, incentivando, reconhecendo seus avanços e,
sobretudo, garantindo a satisfação das suas necessidades de autoestima e
reconhecimento. Cada indivíduo tem o seu próprio ritmo de desenvolvimento e
formação, consequentemente, de necessidade também. Portanto, é importante ter
sensibilidade para perceber a necessidade de cada um a cada momento. O contato
diário no ambiente familiar é uma excelente oportunidade para que os pais
demonstrem todo carinho e confiança que têm pelas crianças. Aproveitar esses
contatos para satisfazer os verdadeiros desejos do filho. São esses presentes
que edificam a autoestima, proporcionando condições adequadas para o
enfrentamento dos problemas escolares e da vida.
Ednaldo
Ribeiro é administrador de empresas, pós-graduado em psicopedagogia e mestrando
em educação.
Referências
bibliográficas
Chiavenato,
Idalberto. Administração de Recursos Humanos, Atlas, 3ª ed. São Paulo, 1992.
Kumon,
Toru. Revolução na Educação em Casa. Kodansha. 2ª ed. Osaka, 1978
---------------- Buscando o Infindável Potencial Humano.
Ysayama. São Paulo, 1999
Hunter,
James C. O Monge e o executivo. Sextante, 25ª ed. Rio de Janeiro, 2004.
Steinberg,
Laurence. 10 Princípios Básicos Para Educar Seus Filhos. Sextante, 1ª ed. Rio
de Janeiro, 2005.
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