67% das crianças não sabem fazer contas básicas, aponta pesquisa

Folha de São Paulo
25/06/2013 - 18h17
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO
Mais da metade das crianças brasileiras que cursam 3º ano do ensino fundamental estão defasados em leitura. Em matemática, a situação é ainda pior: 67% das crianças não conseguem fazer contas básicas como deveriam na sua idade.
Os resultados são da Prova ABC, da ONG Todas pela Educação, divulgados nesta terça-feira (25).
De acordo com a avaliação, aplicada no final do ano passado com 54 mil crianças do 3º ano do ensino fundamental privado e público, 55% dos pequenos não têm proficiência adequada em leitura.
E, pior: quase 25% das crianças avaliadas em todo o país não demonstram habilidades elementares como as de localizar informação num texto. Por exemplo, não conseguem dizer quem é o personagem principal ou identificar o tema de um texto curto.
Os dados, claro, variam regionalmente. Em São Paulo, 60,1% das crianças são proficiências em leitura. Já em Alagoas, Estado com pior avaliação, esse índice cai para 21,7%.
"Regiões mais pobres tendem a ter índices piores. Mas isso não pode servir de justificativa. Temos de ter foco nas crianças das regiões mais pobres", analisa Priscila Cruz, diretora executiva do movimento Todos pela Educação.
"Uma das principais mensagens da Prova ABC é a desigualdade educacional que começa logo no início do fundamental. Essa desigualdade tende a se aprofundar nos anos seguintes", diz Cruz.
De acordo com a especialista, o governo federal poderia suplementar mais ainda os estados mais pobres.
BOA NOTÍCIA
Os dados deste ano não são comparáveis com anos anteriores, pois foram as provas foram aplicadas em anos letivos diferentes. Mesmo assim, é possível notar algumas boas notícias.
Neste ano, o destaque é para Estado do Ceará. Os índices cearenses estão mais perto dos nacionais do que dos números do Nordeste.
No Ceará, 42,1% das crianças têm leitura adequada, por exemplo. O índice brasileiro é 44,5%. No Nordeste é 30,7%. "O Ceará tem investido muito em educação. É uma experiência positiva", analisa Cruz.
Esta foi a última edição da Prova ABC A partir deste ano, o governo federal terá um sistema próprio, a ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização), aplicada nacionalmente com alunos do 3º ano do ensino médio.
A prova, explica a assessoria de imprensa do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), do MEC, avaliará alfabetização e matemática.
"A gente cumpriu o objetivo, que é de chamar atenção do governo que é importante olhar para a alfabetização", diz Cruz.

http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2013/06/1301192-67-das-criancas-nao-sabem-fazer-contas-basicas-aponta-pesquisa.shtml


Comentários:
“Mais da metade das crianças brasileiras que cursam 3º ano do ensino fundamental estão defasados em leitura” e parece que a situação dessas crianças é melhor que as crianças que foram alfabetizadas no final do século passado – jovens que hoje estão aproximadamente com 20 anos. Tem vários motivos para que isso seja possível, desde a vida acadêmica mais cedo até a melhor qualificação dos profissionais. Então, como está a capacidade de leitura e interpretação dos jovens brasileiros?
 

Opinião: Casos de sucesso na Educação

Opinião: Casos de sucesso na Educação

"Está na hora de usarmos esses casos bem sucedidos para defender abertamente políticas específicas de gestão para melhorar o aprendizado das crianças nos anos iniciais", afirma Naercio Menezes Filho
Fonte: Valor Econômico (SP)
21 de junho de 2013
Um dos nossos principais desafios nas últimas décadas tem sido melhorar a qualidade da Educação nas redes municipais e estaduais. Há muitos debates sobre a melhor maneira de fazê-lo, envolvendo Educadores, economistas, Professores, cientistas políticos, psicólogos e o público em geral. Alguns defendem o aumento dos gastos com Educação, outros a implantação de um currículo único e muitos defendem a valorização do magistério como a única solução. Essa ausência de consenso dificulta o progresso.
Ao mesmo tempo, um dos principais avanços recentes no país foi a implantação de um sistema de avaliação sofisticado, que permite calcular o aprendizado dos Alunos de forma sistemática, usando a mesma métrica ao longo do tempo. Os resultados da Prova Brasil, por exemplo, permitem compararmos a evolução das notas médias de diferentes municípios ao longo do tempo. Com isso conseguimos identificar os municípios que mais avançam e as políticas que deram certo nesses lugares. Assim, poderemos replicar essas políticas pelo Brasil inteiro, se possível, e melhorar a Educação no Brasil como um todo.
Os dados da Prova Brasil mostram que os municípios do Ceará, Minas Gerais e Santa Catarina foram os que mais avançaram entre 2005 e 2011 nos anos iniciais do Ensino fundamental. Em particular, um dos municípios que mais se destacam é Sobral no Ceará, que avançou 100 pontos na prova de matemática no 5º ano. Em termos comparativos, as redes municipal e estadual do município de São Paulo avançaram apenas 25 pontos no mesmo período, ou seja,..
 
 
Comentários: para melhorar a educação, precisamos aprender com os casos de sucesso e implementar com os devidos ajustes. A melhoria não acontece por falácia. 

Para empregadores, jovens recém-formados não têm preparo para o mundo do trabalho

 


Para empregadores, jovens recém-formados não têm preparo para o mundo do trabalho
Divulgação
Para empregadores, jovens recém-formados não têm preparo para o mundo do trabalho
Opinião é de empregadores de nove países ouvidos em estudo da McKinsey & Company

Do Todos Pela Educação  29 de maio de 2013

Um estudo que envolveu empresários, instituições de ensino e jovens de nove de países mostra que, na opinião de 40% dos empresários, os jovens recém-formados não são preparados para cargos do nível iniciante no mundo do trabalho. Já entre as instituições de ensino, a opinião é mais positiva: 72% delas afirmam que os estudantes estão prontos para assumir cargos. Entre os próprios jovens, 45% dizem estar preparados.
A pesquisa foi apresentada pela consultoria McKinsey & Company durante o Encontro Nacional de Educação Empreendedora, promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em Brasília, no fim do mês passado. Os autores são Mona Mourshed, Diana Farrell e Dominic Barton.
O estudo, chamado “Educação para o trabalho: Desenhando um sistema que funcione”, avaliou os seguintes países: Alemanha, Arábia Saudita, Brasil, Estados Unidos, Índia, Marrocos, México, Reino Unido e Turquia. Eles foram escolhidos por formarem um grupo bem diversificado de contextos sociais, econômicos e educacionais. Os nove representam aproximadamente 40% do PIB global (FMI, 2011) e 30% da população mundial.
Em cada um deles, foram entrevistados no segundo semestre de 2012 ao menos 500 jovens entre 15 e 29 anos que estivessem trabalhando ou estudando e com a intenção de buscar um emprego nos próximos seis meses. No total, 4.656 jovens participaram da pesquisa. Também foram ouvidos 300 empregadores e 100 instituições de ensino em cada país, o que totaliza 2.700 empresários e 900 escolas em toda a amostra.
Debate
Após a apresentação do estudo, houve debate entre especialistas e empresários, que discutiram os desafios da Educação Básica brasileira. “No Brasil, a indústria em geral acha que o problema é do Estado e do indivíduo. Não há um olhar integrado holístico”, afirma Luís Norberto Pascoal, presidente da DPaschoal e conselheiro do Todos Pela Educação. “Temos que pensar em conjunto e plantar uma Educação integrada.”
José Pastore, professor titular da Faculdade de Economia e Administração, da Universidade de São Paulo (USP), e da Fundação Instituto de Administração (FIA) destacou as habilidades que o mundo do trabalho exige hoje de seus futuros profissionais. “Os empregadores querem pessoas com domínio do ofício e com conduta adequada para o trabalho. O recrutamento é rigoroso, porque querem um profissional com bom senso, lógica e capacidade de raciocínio, de trabalhar em grupo e de se comunicar. Ou seja, querem o generalista e o especialista”, explica.
Para Pastore, isso impõe um desafio imenso às escolas. “A formação básica que vem do Ensino Fundamental é falha em muitos lugares”, afirma.
Educação Básica
Deficiências de aprendizagem que se arrastam desde os primeiros anos de escolaridade foram um dos pontos mais discutidos durante o debate. Marco Antonio de Oliveira, titular da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação (MEC), destacou que a maior parte dos problemas começa na alfabetização e vai até o Ensino Superior. “O MEC tem se preocupado em dar conta desses desafios nos diferentes âmbitos. No caso da alfabetização, lançamos o Pnaic (Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa), que ataca o problema que está na origem do déficit educacional de todo o sistema brasileiro”, disse.
Mozart Neves Ramos, assessor do Todos Pela Educação e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), ressaltou a falta de atratividade na carreira docente e a fragmentação na formação básica. “O aluno sai do Fundamental e não há dialogo com o Médio e nem com o pós-Médio, caso do Tecnológico ou Superior”, explica. “Temos melhorado nos anos iniciais, mas o Ensino Médio ainda é gargalo. Não sabemos o que fazer com a escola do jovem. Qual é a escola que precisamos apresentar pra nossa sociedade?”, questiona.
 
Comentários:
 
No momento em que muitos jovens estão nas ruas protestando e muito bem, este assunto é bem oportuno. Proteste, reivindique por uma educação melhor, mas não deixe de fazer a sua parte: estude. Troque as latas de cerveja por bons livros. Existem muitos cursos gratuitos no Sebrae e em outras entidades. Os jovens sabem usar muito bem a internet, mas quantos assistem e fazem os cursos EAD do Sebrae, TED etc.?
Muitas notícias sobre educação neste começo de semana:
"Contra a demagogia na escola" - entrevista com o matemático e ministro da Educação de Portugal Nuno Crato nas Páginas Amarelas da Veja edição 2324 (não consta deste blog ainda) e "Tropeço na língua" no Estadão de domingo.




 Comentários:


Confesso que estou refletindo sobre as duas reportagens e, de certa forma, impactado com tudo isso. Aguardo seus comentários e oportunamente apresentarei os meus.

Com certeza, são reportagens que não podem parar por aqui. Não podemos virar a semana e estas informações ficarem no passado.