A pipoca

O escritor Rubem Alves, fascinado pela culinária, após escrever sobre vários alimentos de forma literária, faz uma analogia do processo de transformação do milho em pipoca com o comportamento das pessoas.

O pequeno milho de pipoca passa pelo fogo e após absorver o calor, transforma-se na pipoca, uma linda flor branca e macia que é muito apreciada pelas pessoas. No entanto, nem todos os milhos passam pela mesma transformação, alguns não conseguem estourar e continuam da mesma forma, são os piruás.

O autor, embasado na religião, sobretudo, no candomblé, compara o calor do fogo que age sobre o milho aos momentos difíceis que as pessoas passam na vida, como a dor, a perda de um amor, do emprego, dos bens materiais, ficar doente etc. O calor que vem de fora. Também faz referência ao “fogo” que vem de dentro como depressão, medo, ansiedade e pânico. Assim como a transformação do milho, as pessoas também crescem e transformam-se em indivíduos mais fortes e melhores. Da mesma forma que os milhos, existem pessoas que passam pelo “fogo” das dificuldades da vida, mas continuam do mesmo jeito, ou seja, não se transformam e deixam ser aquilo podem ser, continuam como “milho” piruá.    

Realmente a analogia é pertinente e pode proporcionar reflexões profundas sobre os momentos de sofrimento, pois as pessoas podem aproveitar as dores e os momentos difíceis para o crescimento por meio do aprendizado, mas será que não podemos nos transformar sem arder no calor do sofrimento?


O texto acima foi extraído do site http://www.releituras.com/rubemalves_pipoca.asp.


ALVES, Rubens. O amor que acende a lua. Campinas: Papirus, 2004.

Charlliane Costa, acadêmica do Curso de pedagogia da Fibra

Matrícula autorizada para menor de 6 anos

Minas entra na batalha judicial contra a regra que estabelece idade mínima para matrícula no Ensino Fundamental

Fonte: Estado de Minas (MG)

Minas entra na batalha judicial contra a regra que estabelece idade mínima para matrícula no ensino fundamental. Liminar concedida pela 1ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, determina que escolas da rede estadual aceitem crianças com menos de 6 anos completos até 31 de março no 1º ano do nível fundamental, ao contrário do que determina o Conselho Nacional de Educação (CNE).
Decisão semelhante está em vigor em Pernambuco, desde novembro do ano passado, e, nos próximos dias, a Justiça Federal daquele estado pode estender a determinação para todo o país. A liminar de Uberlândia, concedida na última semana pelo juiz João Ecyr Mota Ferreira, é uma resposta à ação civil pública movida pelo Ministério Público Estadual (MPE) na cidade do Triângulo Mineiro. 
Inicialmente, a decisão valia apenas para 36 escolas particulares do município. Mas, diante de várias queixas feitas por pais com dificuldade em matricular os filhos também em instituições gratuitas, o juiz estendeu a decisão para toda a rede estadual. “É público e notório que os alunos da rede pública de ensino estejam enfrentando os mesmos problemas que afligem os da esfera privada. Por isso, a liminar foi estendida”, afirma o juiz João Ecyr.
Em sua argumentação, o magistrado questiona o Conselho Nacional de Educação, que determinou, em resolução publicada em outubro de 2010, que só podem ingressar no 1º ano do ensino fundamental as crianças que completarem 6 anos até 31 de março do ano da matrícula.
Segundo o juiz, que reforça o entendimento da Promotoria de Justiça de Defesa do Cidadão em Uberlândia, o critério de avaliação do aprendizado deve prevalecer sobre a faixa etária no momento da matrícula. “A capacidade cognitiva e o nível de conhecimento da criança devem ser levados em conta. Se o aluno já estava matriculado na Educação infantil e está apto a começar o ensino fundamental, não há razões para impedi-lo”, acrescenta João Ecyr.
A Secretaria de Estado de Educação informou que ainda não foi notificada da decisão, mas adiantou que as superintendências regionais de ensino estão orientadas a analisar individualmente os casos de dúvida ou problema na matrícula, para checar se a criança cursou a Educação infantil e apresenta as condições mínimas para o começar o ensino fundamental.
O Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep/MG) também não tem conhecimento da ação judicial e informou que continua orientando as escolas a seguir as regras do CNE. Apesar dessa orientação, o presidente do Sinep, Emiro Barbini, questiona o entendimento do conselho.
“É preciso ter cuidado para não apressar a formação das crianças, mas impedir as que já concluíram a Educação infantil de seguir para o ensino fundamental é um perigo pedagógico.Isso porque prender um aluno numa série enquanto os colegas dele prosseguem pode gerar traumas e até desestimulá-lo. Por isso, deve-se estar muito atento à aptidão da criança para iniciar o ensino fundamental”, argumenta Emiro.
BATALHAS
A polêmica da data-limite para matrícula é alvo de mais de 20 processos em tramitação no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Apenas em novembro passado, no início das matrículas para o ano letivo seguinte, o tribunal concedeu sete liminares contra escolas de Belo Horizonte e crianças com idade fora da exigência legal foram aceitas no nível fundamental por meio de ordem judicial.

Quem já enfrentou a resistência de colégios para a matrícula dos filhos respira aliviado com as novas decisões da Justiça. É o caso do professor Walner Pinel Bittencourt, de 48 anos, que esteve a um passo de mover uma ação para assegurar a vaga do filho, Davi Pinel Bittencourt de Sá, de 5, numa escola particular de Contagem, na Região Metropolitana de BH.
O garoto faz aniversário em 20 abril e teria de repetir a última série da Educaçãoinfantil, mesmo depois de ter participado da formatura. “Ele já estava matriculado no 1º ano do fundamental, mas a escola recuou e quis obrigá-lo a cursar o 2º período novamente. Aí, reunimos todos os casos de pais que conseguiram liminar, além da decisão da Justiça Federal de Pernambuco, para mostrar que há jurisprudência na área e, assim, garantir a matrícula do Davi”, explicou Walner.
ENTENDA O CASO
Em outubro de 2010, o Conselho Nacional de Educação publica resolução com diretrizes para matrícula no ensino fundamental. Pelo texto, só podem ser aceitas crianças com 6 anos completos até 31 de março do ano letivo.

O principal argumento do CNE para a regra é organizar a matrícula em todo o país. Até então, cada rede de ensino tinha autonomia para fixar a data-limite. Em BH, exigia-se 6 anos completos até 30 de abril e, em Minas, até 30 de junho. A mudança causou polêmica e, diante da repercussão, a aplicação, que valeria para 2011, foi adiada para 2012. 
Em novembro do ano passado, o Ministério Público Federal do Distrito Federal ajuizou ação civil pública para suspender a determinação do conselho. No mesmo mês, a Justiça Federal de Pernambuco concedeu liminar suspendendo a exigência da idade mínima para matrícula.
Em janeiro, o Ministério Público estadual em Uberlândia ajuizou ação civil pública para que 36 escolas particulares da cidade aceitassem a matrícula, independentemente da idade.
Liminar foi concedida pela 1ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias de Uberlândia na última semana. Dias depois, a decisão foi estendida para toda a rede estadual de ensino de Minas


Essa é uma notícia que cria uma expectativa muito positiva sobre algo muito comentado neste blog - respeitar as individualidades, pois, se os juizes já percebem que "o critério de avaliação do aprendizado deve prevalecer sobre a faixa etária " , espero que os educadores também tenham um pensamento semelhante e não queiram determinar o que um aluno pode aprender em função simplesmente da idade.

Por que as crianças estão cada vez mais infelizes?

Especialistas em saúde infantil chamam a atenção para uma epidemia silenciosa que afeta a saúde mental das crianças que, ainda pequenas, precisam lidar com as pressões da sociedade moderna

Natalia Cuminale
Segundo especialias, as crianças estão ansiosas, estressadas, deprimidas e sobrecarregadas Segundo especialias, as crianças estão ansiosas, estressadas, deprimidas e sobrecarregadas (ThinkStock)
Uma em cada onze crianças com mais de oito anos de idade está infeliz, segundo um estudo divulgado em janeiro deste ano pela Children’s Society, organização centenária de proteção infantil. Apesar de a pesquisa trazer à tona uma realidade das crianças entre 8 e 16 anos do Reino Unido, especialistas brasileiros em saúde infantil afirmam que esse não é um problema exclusivo das crianças britânicas. No Brasil, a realidade é parecida. Ana Maria Escobar, pediatra do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, em São Paulo, conduziu uma pesquisa com os pais de cerca de 900 crianças de 5 a 9 anos que estudavam em escolas particulares e estaduais.
De acordo com os resultados do estudo, os pais disseram que 22,7% das crianças apresentavam ansiedade; 25,9% tinham problemas de atenção e 21,7% problemas de comportamento. "No início do estudo, esperava encontrar queixas como asma, mas não ansiedade", diz Ana. Apenas 8% tinham problemas respiratórios e 6,9% eram portadoras de asma. O estudo foi concluído em 2005, mas Ana Maria acredita que se a pesquisa fosse feita hoje, "os níveis de ansiedade e de problemas de comportamento certamente seriam ainda mais altos."
Mais do que infelizes, as crianças brasileiras também estão ansiosas, estressadas, deprimidas e sobrecarregadas. "Elas estão desconfortáveis com a infância. Esse desconforto aparece de várias formas: como irritabilidade, desatenção, tristeza e falta de ânimo. Muitas vezes, é um comportamento incomum em relação à idade delas", diz Ivete Gattás, coordenadora da Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Saul Cypel, membro do departamento de Pediatria do Comportamento e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira de Pediatria, traz dados preocupantes: "A impressão que eu tenho é a de que o número de crianças com queixas comportamentais cresceu muito nesses últimos dez anos." Neste período, segundo Cypel, houve uma transformação do perfil da clínica: se antes as queixas sobre o comportamento infantil correspondiam a 20% dos pacientes, agora são responsáveis por 85% do total de seu consultório de neurologia.
Com uma agenda recheada de atividades extracurriculares, que vão desde aulas de idiomas como inglês e mandarim até as aulas clássicas como balé e futebol, as crianças estão sem tempo para se divertir e descansar, acreditam os médicos. Segundo Cypel, a antecipação de atividades para as quais o indivíduo não está preparado pode desencadear o stress tóxico, que ocorre quando há uma estimulação constante do sistema de resposta ao stress (veja quadro abaixo), trazendo prejuízos futuros para as crianças.

Leia mais em:
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/por-que-as-criancas-estao-cada-vez-mais-infelizes

Não se pode escolher ser "mãe Tigre" ou "Mãe Avestruz ou Preguiça", não pode esquecer o  equlíbrio. Deve-se olhar a criança de forma individualizada, perceber suas necessidades e capacidades, a idade deve ser apenas uma referência, pois, o mais importante, é potencial de cada criança.


Pais e professores, uma relação difícil

São comuns os conflitos acerca da responsabilidade de cada um na formação das crianças. A solução está na aproximação entre as partes

Nathalia Goulart
Thinkstock(Thinkstock)
A relação entre pais e professores inclui, já faz algum tempo, boa dose de tensão. O assunto voltou à tona com força no fim do ano passado, quando um professor americano chamado Ron Clark resumiu as reclamações de boa parte dos mestres da seguinte maneira: professores não são babás de alunos, ao contrário do que pensam seus pais. Ele acusa os pais de repassar à escola suas responsabilidades, recusando, contudo, as regras impostas pela instituição educadora. Seu artigo, chamado "O que os professores realmente querem dizer aos país", tornou-se o segundo mais compartilhado no Facebook em 2011 (o primeiro trata do desastre da usina de Fukushima, no Japão), trocado mais de 630.000 vezes – prova de que a discussão é, no mínimo, pertinente. O texto ecoou em outros países e também no Brasil. "Por aqui, os pais perderam a habilidade de impor limites a seus filhos. Agora, tentam impor limites à escola, interferindo na atividade dos professores", diz a educadora Tânia Zagury, autora do livro Escola sem Conflito: Parceria com os Pais. De acordo com uma pesquisa realizada pela escritora, 44% dos professores apontam a ausência de limites como causa principal da indisciplina em sala de aula: um quinto dos profissionais responsabiliza a família pelo problema.

Leia mais em:
http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/pais-e-professores-uma-relacao-dificil

Mais um motivo dos resultados negativos da educação.

Vamos quebrar paradigmas e "pré-CONCEITOS" (para destacar preconceito)...
 
¨Partimos de la hipótesis de que se puede enseñar con honestidad intelectual cualquier tema a cualquier niño en cualquier estadio de dessarrollo". Jerome Bruner Ainda bem que algo assim está sendo apresentado em um curso de mestrado para dezenas de professores, coordenadores e diretores de escolas públicas e particular...es. Eu não tinha dúvida disso, pois conheço centenas de crianças que avançaram os estágios "pré-estabelecidos" com motivação e alegria. Será que ainda tem alguém que não acredita que as crianças podem aprender qualquer coisa em qualquer idade, basta que sejam respeitadas alguns aspectos tais como: capacidade, conhecimentos prévios, ritmo, motivação etc.
 
Observe meu comentário em outro artigo neste blog:
Observo que mesmo a pesquisa que evidencia a genética  "tem uma importante contribuição genética", destaca a importância do ambiente "além das influências do ambiente". Mas também poderia argumentar por meio dos números:se o estudo realizado por pesquisadores credita de 40% a 50% da inteligência à genética, então temos os outros 50% a 60% da inteligência que dependem de outros fatores.
Por último, insisto, se você não sabe o % que a genética influencia sua inteligência (algo que você não pode mudar), busque o % que você pode influenciar por meio da leitura, cálculo, música... Por meio da dedicação e esforço.

Mudando Paradigmas na Educação (Dublado) - RSA Animate

"...A quantidade enorme de pessoas despreparadas que ganham um diploma de bacharel"

Bom dia Brasil Edição do dia 31/01/2012
31/01/2012 07h44 - Atualizado em 31/01/2012 11h36

Estudantes de Direito se preparam para prova da OAB

Para os advogados recém-formados, antes do trabalho vem a carteira. Mas por que é tão difícil passar na prova da OAB? Tem teste neste domingo (5).

Para construir uma carreira de sucesso, estudantes de Direito vão ter de passar na prova. Todos os anos, milhares se inscrevem no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e poucos conseguem aprovação. O próximo está marcado pra domingo (5).
De cara, metade dos candidatos não vai passar da primeira fase. Sem a aprovação, não é possível ter o registro profissional, que permite advogar. O baixo índice de acertos tem levado recém-formados e até veteranos de volta às aulas. Tem muita gente precisando. É cada erro nas provas.
Os estudantes já foram aprovados no vestibular, fizeram cinco anos de faculdade, mas ainda não podem trabalhar na profissão que escolheram. Bacharéis em direito estão fazendo cursinho para tentar passar na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
“Na faculdade, você tenta elucidar o porquê das coisas, porque leva à criação de uma lei. No cursinho, você analisa a lei propriamente dita, verificando as suas premissas e as suas consequências”, comenta Renato Montans de Sá, professor de processo civil.
A prova está chegando, e as salas de aula dos cursinhos preparatórios para o exame da OAB em São Paulo ficam cheias. Um cursinho, por exemplo, transmite as aulas por meio de telões e de câmeras para todos os estados brasileiros. Enquanto alunos assistem presencialmente às explicações do professor, outros milhares de alunos também estão assistindo ao mesmo tempo.
É um medo coletivo. Esta é primeira vez que a estudante Thalita Brunelli de Paulovai fazer a prova. Ela ainda está cursando o último ano de Direito, e a OAB permite que os formandos deste ano já façam suas tentativas.
Na primeira fase, são 80 questões de múltipla escolha. O candidato tem de acertar, pelo menos, 40, ou seja, metade da prova. “Parece que são muitos mais do que 40. Estou bem ansiosa para poder atingir essa meta e ser aprovada”, diz a estudante.
“Tem coisa que você olha e você fala: ‘Nossa, eu nunca vi isso na minha vida ou eu não estudei. Não fiz a faculdade de Direito’. Mas tem coisa que você lembra – ‘Poxa, eu já vi em algum lugar’”, comenta a estudante Manuella Amorim Maciel.
No último exame, a média nacional de aprovação foi de 24%. O estado com melhor índice de aproveitamento foi a Bahia, com 30%, seguido por Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. São Paulo, o estado com o maior número de inscritos, ficou em 19º lugar, com aprovação de 20%, ou seja, abaixo da média nacional.
“Isso reflete exatamente a quantidade enorme de pessoas despreparadas que ganham um diploma de bacharel, mas que não tem conhecimentos jurídicos suficientes para resolver as questões jurídicas que lhes serão apresentadas pelo cidadão”, aponta a conselheira da OAB, Ivette Senise Ferreira.
O exemplo da falta de preparo dos candidatos fica registrado nas provas. Os erros de português são muitos. Alguns candidatos sequer sabem como escrever as palavras. Saudoso com “l”, ouvida com “h”, bacharel com “u” e acento. A palavra “senso”, de sensatez, foi escrita por um dos alunos com “c” e acabou fazendo referência à pesquisa realizada pelo IBGE.
“É o despreparo cultural e jurídico não só do ensino que é dado na faculdade, mas principalmente no nível fundamental, no ensino básico”, aponta a conselheira da OAB, Ivette Senise Ferreira.
A segunda prova da OAB está marcada para o dia 25 de março. Nessa fase, o candidato responde a apenas quatro questões, mas também precisa escrever uma peça processual, para mostrar que, de fato, tem condições de defender os direitos dos cidadãos.

Até os 8 só elogio, O.K.?



Matéria extraída da Revista VEJA de Fevereiro de 2012

Por Carolina Melo


Os avanços obtidos pela ciência no estudo do cérebro nas últimas duas décadas têm implicações extraordinárias na educação.  Pouco a pouco se tem desvendado como funcionam os processos da cognição humana nos primeiros estágios do aprendizado. Isso abriu aos educadores um leque totalmente novo de recursos  para desenvolver a capacidade dos alunos. Nesse processo, a neurociência já derrubou mitos como o de que as lições na sala de aula devem mirar de forma diferente os lados direito e esquerdo do cérebro ou de que usamos apenas 20% da massa cinzenta. As ferramentas que mais resultados temos produzido  na montagem do novo mapa de aprendizado são os equipamentos de ressonância  magnética, capazes de enxergar em tempo real como o cérebro se comporta diante de diferentes estímulos.
Uma pesquisa recente da Universidade de Leiden, na Holanda, feita com ressonância magnética, serve para orientar os pais e professores a respeito dos estímulos básicos de todo processo educacional: a aprovação e a reprovação dos trabalhos das crianças. O estudo mostra  que as crianças na faixa de 8 a 9 anos aprendem com elogios, mas não tiram lições das críticas negativas. – simplesmente não dão ouvidos a elas. Já as crianças na faixa dos 11 e 13 anos são capazes de aprender com os próprios erros e, portanto, são sensíveis às críticas negativas, da mesma forma que os adultos. Disse a VEJA o neurologista  Paul Thompson, da Universidade da Califórnia, especialista em ressonâncias magnéticas cerebrais: “O lobo frontal do cérebro, responsável pelo autocontrole e pela avaliação das consequências das atitudes, só se desenvolve plenamente a partir dos 12 anos. É por isso que as crianças se expõem a situações de risco sem perceber. Isso explica por que o desenvolvimento cognitivo no cérebro das crianças mais crescidas é ativado por respostas negativas, em quanto nas pequenas ela ocorre por meio de respostas positivas”.

Quebrando mitos
O maior dos mitos pedagógicos desmontados recentemente pela neurociência reza que a mente das crianças é uma folha em branco, e cabe aos pais e à escola preenchê-la com conhecimentos. Para isso, acreditava-se, era pré-requisito que a criança já tivesse desenvolvido a linguagem. Ocorre que as crianças são mais sabidas do que se pensava. Uma série de estudos prova que, a partir dos 3 meses de idade, os bebês já se engajam em um processo intenso de aprendizado de noções rudimentares de biologia, física e aritmética. Antes se pensava apenas que os bebês observavam o ambiente à sua volta e têm a atenção despertada por pessoas e objetos, mas não são capazes de adquirir conhecimento com isso. 

Os bebês entendem
Agora se sabe que os bebês já têm consciência de que, por exemplo, os objetos precisam de um suporte para não cair no chão e de coisas inanimadas só se movimentam se alguém mexer nelas. Antes acreditava que a voz dos pais ou das pessoas conhecidas desperta a atenção das crianças muito pequenas porque elas se habituam a ouvi-la. Agora se sabe que as crianças desenvolvem mecanismos linguísticos antes mesmo de aprender a falar. Elas sabem que as palavras expressam um conteúdo e que o latido de um cachorro ou o toque de um telefone não têm significado algum. As descobertas da neurociência possibilitam aos educadores saber exatamente com o que estão lidando ao incutir o conhecimento nos 100 bilhões de neurônios que carregamos no crânio.
Revista VEJA
01/02/2012
Edição 2254


Eu tinha conhecimento sobre a importância do elogio, mas a novidade é saber que as críticas negativas não têm benefício algum.